AS ESCARPAS DO CABO ESPICHEL

Uma outra perspectiva sobre o Cabo Espichel é a sua configuração geológica. Não deixam de ser impressionantes as arribas onde em alguns locais chegam a atingir os 220 m.

No meu livro Vertigem Azul, o Dr. Paulo de Sá Caetano refere:"... Seguindo a linha de costa para sul, na sua maior parte correspondente a uma plataforma de abrasão rochosa, observam-se as camadas inclinadas de rochas cretácicas, predominadamente calcárias, mas também margosas e detríticas, que vão aumentando o seu pendor à medida que se aproximam do Cabo Espichel, onde chegam a atingir os 70º de inclinação...".

Não  deixa de ser curioso também o que Heitor Baptista Pato, no seu livro Nossa Senhora do Cabo, um Culto nas Terras do Fim, fale sobre no efeito que essas formas geológicas tem tido ao longo dos tempos , e numa visão bem diferente se pode ler: "No PODEROSO PROMONTÓRIO DO ESPICHEL, onde a serra da Arrábida mergulha abruptamente no mar Atlântico, parecem nascer - sobretudo à luz ainda pouco límpida do sol que desponta no nascer das manhãs, ou no trémulo fim do entardecer- as próprias neblinas da lenda e do mito. Como em todos os fins de terra, em que o horizonte do mar adivinha brumas de mistério e sustos de espanto, fronteiras naturais entre o conhecido e o apenas suposto, aqui se foram criando (e recriando) histórias de muito maravilhamento, se ergueram antiquíssimos cultos de perdida memória e se construíram seculares lendas. Uma certa tradição esotérica portuguesa tem aliás insistido na presença, no interior da serra da Arrábida, de misteriosos túneis, grutas, algares, poços e criptas, e mesmo de estranhas luzes e cidades desconhecidas;e há mesmo quem não existe em afirmar uma ligação subterrânea entre esta serra e a de Sintra, passando por baixo do Tejo, ou aqueles que postulam a presença na Arrábida de um "triângulo magnético com vértice voltado para baixo"(?), o que justificaria talvez a aborrecida circunstância de as bússolas das embarcações deixarem ali de funcionar..."